Arquétipo da ordem e totalidade, abrangendo o consciente e o inconsciente, e que embora polares, não representam opostos, mas sim uma relação de complementaridade, tendo o self como mediador e gestor dos recursos e conteúdos do individuo. Segundo Jung, toda personalidade é formada a partir de um centro que é responsável por seu desenvolvimento, ou seja, o self não é apenas o ponto central, mas abarca a totalidade. Assim, o self, através dos acessos e ativações dos arquétipos, motiva a formação e desenvolvimento do ego. “O si-mesmo, como conceito empírico, designa o âmbito total de todos os fenômenos psíquicos no homem. Expressa a unidade e totalidade da personalidade global. Mas na medida em que esta, devido a sua participação inconsciente, só pode ser consciente em parte, o conceito de si-mesmo é, na verdade, potencialmente empírico em parte e, por isso, um postulado, na mesma proporção. Em outras palavras, engloba o experimentável e o não-experimentável, respectivamente o ainda não experimentado. Essas qualidades ele tem em comum com muitos conceitos das ciências naturais que são mais nomina (nomes) do que idéias. Na medida em que a totalidade que se compõe tanto de conteúdos consciente quanto de conteúdos inconscientes for um postulado, seu conceito é transcendente, porque pressupõe, com base na experiência, a existência de fatores inconscientes e caracteriza, assim, uma entidade que só pode ser descrita em parte e que, de outra parte, continua irreconhecível e indimensionável. Uma vez que, na prática, existem fenômenos da consciência e do inconsciente, o si-mesmo como totalidade psíquica tem aspecto consciente e inconsciente.[1] (JUNG, 2009, § 902)”.
O ego é o centro da consciência, e em relação ao self, apresenta limitações por lidar com recursos disponíveis apenas na consciência, visto que esta não é capaz de contemplar todo o conteúdo presente no inconsciente. “Portanto, em minha concepção, o ego é uma espécie de complexo, o mais próximo e valorizado que conhecemos. É sempre o centro de nossas atenções e de nossos desejos, sendo o cerne indispensável da consciência.”.[2] (JUNG, 1999, § 7).
Inicialmente o ego encontra-se fundido ao self, que no decorrer do desenvolvimento, inclusive propicia meios para que este ego confronte e/ou satisfaz, ele próprio, o self, como totalidade. Este relacionamento, entre ego e self, é um processo continuo, entretanto, apesar do self ter um estado de supremacia, depende do ego para estabelecer relacionamento com o exterior ou mundo cotidiano. Sendo assim, são dois grandes sistemas psíquicos interdependentes. A este relacionamento, utilizamos a expressão ou denominação de Eixo Ego-Self. “É evidente que um tal modo de proceder só é legítimo quando há razão suficiente para tal. Só se pode deixar a condução do processo ao inconsciente, quando houver nele uma vontade de dirigir. Isto só acontece, quando a consciência está de certo modo em uma situação crítica. Quando se consegue formular o conteúdo inconsciente e entender o sentido da formulação, surge a questão de saber como o ego se comporta diante desta situação. Tem, assim, início a confrontação entre o ego e o inconsciente. Esta é a segunda e a mais importante etapa do procedimento, isto é, a aproximação dos opostos da qual resulta o aparecimento de um terceiro elemento que é a função transcendente. Neste estágio, a condução do processo já não está mais com o inconsciente, mas com o ego.[3] (JUNG, 2009, § 181)”.
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[1] JUNG, Carl Gustav. Tipos psicológicos. Petrópolis: Vozes, 2009.
[2] JUNG, Carl Gustav. Fundamentos de psicologia analítica. Petrópolis: Vozes, 1999.
[3] JUNG, Carl Gustav. Natureza da psique. Petrópolis: Vozes, 2009.
Por meio da teoria como se dá o desenvolvimento do ego (me ajude a responder)
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Olá Camila,
O ego é o centro da consciência, e em relação ao self, apresenta limitações por lidar com recursos disponíveis apenas na consciência, visto que esta não é capaz de contemplar todo o conteúdo presente no inconsciente. Mas a relação Eixo Ego-Self permite o fluxo/transito de conteúdos do inconsciente para a consciência e vice-versa. Concomitantemente o ego está em constantes evolução e/ou tentando evoluir, considerando o fluxo, mencionado, e a relação com o mundo exterior.
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