A sombra contém grandes possibilidades e potencialidades que o ego desconhece ou reprimiu por falta de afinidade e/ou repulsa. A sombra é nosso lado obscuro com características construtivas e destrutivas, ou seja, contém aspectos ocultos, afetivos, autônomos, suficientemente, capaz de ameaçar e dominar o ego. O conceito sombra agrega também o significado arquetípicos, inclusive no que tange nossas pulsões instintivas.
Portanto, ao longo do desenvolvimento do indivíduo, mantemos na consciência todos e apenas, os atributos que nos identificamos por algum motivo. E conseqüentemente, os atributos que não encontramos identificação ficam destinados ao inconsciente como conteúdos sombrios. Tendo em vista que, esta separação não qualifica ou desqualifica qualquer atributo, independente da polaridade psíquica que se encontre, assim como não impossibilita a dinâmica migratória de um lado para o outro. Sendo assim, é altamente recomendado o reconhecimento desses aspectos sombrios, visto que nossos próprios conteúdos sombrios construtivos ou destrutivos são passiveis de projeção. “É uma maneira de fazer voltar o que foi recalcado ou esquecido. Isso, por si só, já é um benefício – ainda que eventualmente desagradável – pois as qualidades inferiores e até as condenáveis também me pertencem, e me conferem substancialidade e corpo: é minha sombra. Como posso ter substancialidade sem projetar a sombra? O lado sombrio também pertence a minha totalidade, e ao tomar consciência da minha sombra, consigo lembrar-me de novo de que eu sou um ser humano como os demais. Em todo caso, com essa redescoberta da própria totalidade – que a princípio se faz em silêncio – fica restabelecido o estado anterior, o estado do qual derivou a neurose, isto é, o complexo isolado. O isolamento pode prolongar-se com o silêncio, e a reparação dos danos ser apenas parcial. Mas pela confissão lanço-me novamente nos braços da humanidade, livre do peso do exílio moral. O método catártico visa à confissão completa, isto é, não só à constatação intelectual dos fatos pela mente, mas também à libertação dos afetos contidos: à constatação dos fatos pelo coração.”[1]. (JUNG, 2009, § 134. Grifo do autor)”.
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[1] JUNG, Carl Gustav. A prática da psicoterapia. Petrópolis: Vozes, 2009.